
Na disciplina de Planeamento da Viagem o nosso docente pediu que fizéssemos um pequeno resumo de um relatório de um acidente marítimo relacionado com mau planeamento.
Eu escolhi o acidente com o navio Tundra que encalhou ao sair de um canal de navegação, no dia 28 de novembro de 2012.
O navio Tundra é um graneleiro com um comprimento de 185m de bandeira da República do Chipre.
Na imagem o navio Tundra.
Resumo do acidente marítimo:
O graneleiro tinha acabado de partir de Monte Real no Canada, com destino a Halifax na Nova Escócia.
Na ponte do navio encontrava-se a equipa da ponte, constituída por oficiais e marinheiros, e um piloto.
O navio navegava no rio de São Lourenço quando, perto das 2148, saiu do canal de navegação e encalhou em Saint-Anne-de-Sorel, Québec.
Voltou a flutuar no dia 5 de dezembro. O navio ficou com danos menores e não causou poluição nem feridos.
Podem ver na imagem seguinte o mapa do Rio de São Lourenço.
Início da Viagem:
O navio saiu do porto de Montreal, Canada por volta das 1830, com boa visibilidade e sob os concelhos do piloto.
Na ponte, além do piloto, estavam presentes o Comandante, o segundo oficial, que era o oficial chefe de quarto (oficial que está a fazer o turno na ponte) naquele instante e o timoneiro.
O piloto e o oficial chefe de quarto estavam ambos a fazer o controlo da posição do navio.
No entanto, enquanto trabalhava, o piloto esteve também ocupado a fazer chamadas com o seu telemóvel pessoal.
Problemas de Comunicação:
Às 2000 deu-se a mudança de quarto e tanto o oficial como o timoneiro foram substituídos.
Assim que entrou o oficial foi analisar a carta e verificar a posição do navio, comparando-a com os pontos previstos no planeamento da viagem.
Um dos grandes problemas foi a equipa da ponte não ter comparado o seu planeamento com o do piloto. Uma vez que estes diferem.
Além de não compararem os planeamentos a conversa entre estes era quase inexistente. O piloto colocou-se, dentro da ponte, a uma distância de 8m dos restantes tripulantes.
Problemas de planeamento:
No canal de navegação do rio de São Lourenço as boias são de caracter sazonal. Isto significa que têm posições diferentes de acordo com a estação do ano. As boias mudam no Verão e no Inverno.
O piloto fez o planeamento tendo em consideração a posição das boias no Verão e estas tinham acabado de ser mudadas na semana anterior para a posição de Inverno.
Falta de monitorização da posição do navio:
Por fazer aquele percurso muitas vezes, o piloto baseou toda a sua navegação na posição das boias, negligenciando outros métodos de navegação.
Por volta das 2140, o piloto foi dando ordens ao timoneiro para este mudar de rumo.
As mudanças de rumo ocorreram em locais errados, uma vez que se baseava em boias que, na verdade, não estavam lá.
O mau planeamento em conjunto com a incorreta vigia do navio, levaram a que o navio saísse do canal e encalhasse às 2148.
Na imagem seguinte podem ver o local onde o navio encalhou.
Considerações finais:
Existiram vários fatores que levaram a que o navio encalhasse, entre eles destacam-se os seguintes:
• Os avisos à navegação não foram consultados, especialmente os relativos à posição das boias;
• O planeamento da ponte não foi comparado com o do piloto;
• A monitorização da viagem foi apenas feita com base nas boias de navegação. Isto fez com que fosse negligenciando outros métodos de navegação, de forma a comparar a posição do navio;
• A comunicação entre o piloto e a equipa da ponte não foi eficaz. O que fez com que não existisse troca de informação relativa à viagem.
• O piloto estava a utilizar um telemóvel pessoal no seu tempo de trabalho.
É importante lembrar que se apenas existisse um destes problemas, muito provavelmente o navio não teria encalhado.
Mesmo com um mau planeamento, relativo à posição das boias, se o piloto e a equipa da ponte estivessem a fazer uma correta vigia, ter-se-iam apercebido rapidamente que as boias não correspondiam às do planeamento e, em conjunto, resolvido a situação.
Foi, portanto, a junção de todos estes que culminou neste acidente marítimo.
Espero que tenham gostado! 😉
Se quiserem ver o relatório completo, podem clicar aqui!
Gostei do artigo. Uma abordagem interessante que é também um alerta para os cuidados a ter na navegação, principalmente quando estão em causa águas restritas e uma embarcação de grandes dimensões. Não posso contudo chamar a atenção para o erro da palavra “monotorização”, que não existe, devendo ser corrigida para “monitorização”.
Muito obrigada pelo seu comentário! 😀 O erro já foi corrigido.
No segundo parágrafo do seu texto devia ler-se: Nao posso, contudo, deixar de chamar…
Muitas felicidades e imensas navegações. É o mar que nos une !!!